Linguagem
                
                
                
            
            Disse-lhes mais: Em verdade vos digo que, dos que aqui estão, alguns há que de modo nenhum provarão a morte até que vejam o reino de Deus já chegando com poder.
                                        1.
                            Disse-lhes mais: Em verdade vos digo que, dos que aqui estão, alguns há que de modo nenhum provarão a morte até que vejam o reino de Deus já chegando com poder.
                        2.
                            Seis dias depois tomou Jesus consigo a Pedro, a Tiago, e a João, e os levou à parte sós, a um alto monte; e foi transfigurado diante deles;
                        3.
                            as suas vestes tornaram-se resplandecentes, extremamente brancas, tais como nenhum lavandeiro sobre a terra as poderia branquear.
                        4.
                            E apareceu-lhes Elias com Moisés, e falavam com Jesus.
                        5.
                            Pedro, tomando a palavra, disse a Jesus: Mestre, bom é estarmos aqui; faça-mos, pois, três cabanas, uma para ti, outra para Moisés, e outra para Elias.
                        6.
                            Pois não sabia o que havia de dizer, porque ficaram atemorizados.
                        7.
                            Nisto veio uma nuvem que os cobriu, e dela saiu uma voz que dizia: Este é o meu Filho amado; a ele ouvi.
                        8.
                            De repente, tendo olhado em redor, não viram mais a ninguém consigo, senão só a Jesus.
                        9.
                            Enquanto desciam do monte, ordenou-lhes que a ninguém contassem o que tinham visto, até que o Filho do homem ressurgisse dentre os mortos.
                        10.
                            E eles guardaram o caso em segredo, indagando entre si o que seria o ressurgir dentre os mortos.
                        11.
                            Então lhe perguntaram: Por que dizem os escribas que é necessário que Elias venha primeiro?
                        12.
                            Respondeu-lhes Jesus: Na verdade Elias havia de vir primeiro, a restaurar todas as coisas; e como é que está escrito acerca do Filho do homem que ele deva padecer muito a ser aviltado?
                        13.
                            Digo-vos, porém, que Elias já veio, e fizeram-lhe tudo quanto quiseram, como dele está escrito.
                        14.
                            Quando chegaram aonde estavam os discípulos, viram ao redor deles uma grande multidão, e alguns escribas a discutirem com eles.
                        15.
                            E logo toda a multidão, vendo a Jesus, ficou grandemente surpreendida; e correndo todos para ele, o saudavam.
                        16.
                            Perguntou ele aos escribas: Que é que discutis com eles?
                        17.
                            Respondeu-lhe um dentre a multidão: Mestre, eu te trouxe meu filho, que tem um espírito mudo;
                        18.
                            e este, onde quer que o apanha, convulsiona-o, de modo que ele espuma, range os dentes, e vai definhando; e eu pedi aos teus discípulos que o expulsassem, e não puderam.
                        19.
                            Ao que Jesus lhes respondeu: Ó geração incrédula! até quando estarei convosco? até quando vos hei de suportar? Trazei-mo.
                        20.
                            Então lho trouxeram; e quando ele viu a Jesus, o espírito imediatamente o convulsionou; e o endemoninhado, caindo por terra, revolvia-se espumando.
                        21.
                            E perguntou Jesus ao pai dele: Há quanto tempo sucede-lhe isto? Respondeu ele: Desde a infância;
                        22.
                            e muitas vezes o tem lançado no fogo, e na água, para o destruir; mas se podes fazer alguma coisa, tem compaixão de nós e ajuda-nos.
                        23.
                            Ao que lhe disse Jesus: Se podes! - tudo é possível ao que crê.
                        24.
                            Imediatamente o pai do menino, clamando, [com lágrimas] disse: Creio! Ajuda a minha incredulidade.
                        25.
                            E Jesus, vendo que a multidão, correndo, se aglomerava, repreendeu o espírito imundo, dizendo: Espírito mudo e surdo, eu te ordeno: Sai dele, e nunca mais entres nele.
                        26.
                            E ele, gritando, e agitando-o muito, saiu; e ficou o menino como morto, de modo que a maior parte dizia: Morreu.
                        27.
                            Mas Jesus, tomando-o pela mão, o ergueu; e ele ficou em pé.
                        28.
                            E quando entrou em casa, seus discípulos lhe perguntaram à parte: Por que não pudemos nós expulsá-lo?
                        29.
                            Respondeu-lhes: Esta casta não sai de modo algum, salvo à força de oração [e jejum.]
                        30.
                            Depois, tendo partido dali, passavam pela Galiléia, e ele não queria que ninguém o soubesse;
                        31.
                            porque ensinava a seus discípulos, e lhes dizia: O Filho do homem será entregue nas mãos dos homens, que o matarão; e morto ele, depois de três dias ressurgirá.
                        32.
                            Mas eles não entendiam esta palavra, e temiam interrogá-lo.
                        33.
                            Chegaram a Cafarnaum. E estando ele em casa, perguntou-lhes: Que estáveis discutindo pelo caminho?
                        34.
                            Mas eles se calaram, porque pelo caminho haviam discutido entre si qual deles era o maior.
                        35.
                            E ele, sentando-se, chamou os doze e lhes disse: se alguém quiser ser o primeiro, será o derradeiro de todos e o servo de todos.
                        36.
                            Então tomou uma criança, pô-la no meio deles e, abraçando-a, disse-lhes:
                        37.
                            Qualquer que em meu nome receber uma destas crianças, a mim me recebe; e qualquer que me recebe a mim, recebe não a mim mas àquele que me enviou.
                        38.
                            Disse-lhe João: Mestre, vimos um homem que em teu nome expulsava demônios, e nós lho proibimos, porque não nos seguia.
                        39.
                            Jesus, porém, respondeu: Não lho proibais; porque ninguém há que faça milagre em meu nome e possa logo depois falar mal de mim;
                        40.
                            pois quem não é contra nós, é por nós.
                        41.
                            Porquanto qualquer que vos der a beber um copo de água em meu nome, porque sois de Cristo, em verdade vos digo que de modo algum perderá a sua recompensa.
                        42.
                            Mas qualquer que fizer tropeçar um destes pequeninos que crêem em mim, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma pedra de moinho, e que fosse lançado no mar.
                        43.
                            E se a tua mão te fizer tropeçar, corta-a; melhor é entrares na vida aleijado, do que, tendo duas mãos, ires para o inferno, para o fogo que nunca se apaga.
                        44.
                            [onde o seu verme não morre, e o fogo não se apaga.]
                        45.
                            Ou, se o teu pé te fizer tropeçar, corta-o; melhor é entrares coxo na vida, do que, tendo dois pés, seres lançado no inferno.
                        46.
                            [onde o seu verme não morre, e o fogo não se apaga.]
                        47.
                            Ou, se o teu olho te fizer tropeçar, lança-o fora; melhor é entrares no reino de Deus com um só olho, do que, tendo dois olhos, seres lançado no inferno.
                        48.
                            onde o seu verme não morre, e o fogo não se apaga.
                        49.
                            Porque cada um será salgado com fogo.
                        50.
                            Bom é o sal; mas, se o sal se tornar insípido, com que o haveis de temperar? Tende sal em vós mesmos, e guardai a paz uns com os outros.
                        51.
                            Levantando-se Jesus, partiu dali para os termos da Judéia, e para além do Jordão; e do novo as multidões se reuniram em torno dele; e tornou a ensiná-las, como tinha por costume.
                        52.
                            Então se aproximaram dele alguns fariseus e, para o experimentarem, lhe perguntaram: É lícito ao homem repudiar sua mulher?
                        53.
                            Ele, porém, respondeu-lhes: Que vos ordenou Moisés?
                        54.
                            Replicaram eles: Moisés permitiu escrever carta de divórcio, e repudiar a mulher.
                        55.
                            Disse-lhes Jesus: Pela dureza dos vossos corações ele vos deixou escrito esse mandamento.
                        56.
                            Mas desde o princípio da criação, Deus os fez homem e mulher.
                        57.
                            Por isso deixará o homem a seu pai e a sua mãe, [e unir-se-á à sua mulher,]
                        58.
                            e serão os dois uma só carne; assim já não são mais dois, mas uma só carne.
                        59.
                            Porquanto o que Deus ajuntou, não o separe o homem.
                        60.
                            Em casa os discípulos interrogaram-no de novo sobre isso.
                        61.
                            Ao que lhes respondeu: Qualquer que repudiar sua mulher e casar com outra comete adultério contra ela;
                        62.
                            e se ela repudiar seu marido e casar com outro, comete adultério.
                        63.
                            Então lhe traziam algumas crianças para que as tocasse; mas os discípulos o repreenderam.
                        64.
                            Jesus, porém, vendo isto, indignou-se e disse-lhes: Deixai vir a mim as crianças, e não as impeçais, porque de tais é o reino de Deus.
                        65.
                            Em verdade vos digo que qualquer que não receber o reino de Deus como criança, de maneira nenhuma entrará nele.
                        66.
                            E, tomando-as nos seus braços, as abençoou, pondo as mãos sobre elas.
                        67.
                            Ora, ao sair para se pôr a caminho, correu para ele um homem, o qual se ajoelhou diante dele e lhe perguntou: Bom Mestre, que hei de fazer para herdar a vida eterna?
                        68.
                            Respondeu-lhe Jesus: Por que me chamas bom? ninguém é bom, senão um que é Deus.
                        69.
                            Sabes os mandamentos: Não matarás; não adulterarás; não furtarás; não dirás falso testemunho; a ninguém defraudarás; honra a teu pai e a tua mãe.
                        70.
                            Ele, porém, lhe replicou: Mestre, tudo isso tenho guardado desde a minha juventude.
                        71.
                            E Jesus, olhando para ele, o amou e lhe disse: Uma coisa te falta; vai vende tudo quanto tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, segue-me.
                        72.
                            Mas ele, pesaroso desta palavra, retirou-se triste, porque possuía muitos bens.
                        73.
                            Então Jesus, olhando em redor, disse aos seus discípulos: Quão dificilmente entrarão no reino de Deus os que têm riquezas!
                        74.
                            E os discípulos se maravilharam destas suas palavras; mas Jesus, tornando a falar, disse-lhes: Filhos, quão difícil é [para os que confiam nas riquezas] entrar no reino de Deus!
                        75.
                            É mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha, do que entrar um rico no reino de Deus.
                        76.
                            Com isso eles ficaram sobremaneira maravilhados, dizendo entre si: Quem pode, então, ser salvo?
                        77.
                            Jesus, fixando os olhos neles, respondeu: Para os homens é impossível, mas não para Deus; porque para Deus tudo é possível.
                        78.
                            Pedro começou a dizer-lhe: Eis que nós deixamos tudo e te seguimos.
                        79.
                            Respondeu Jesus: Em verdade vos digo que ninguém há, que tenha deixado casa, ou irmãos, ou irmãs, ou mãe, ou pai, ou filhos, ou campos, por amor de mim e do evangelho,
                        80.
                            que não receba cem vezes tanto, já neste tempo, em casas, e irmãos, e irmãs, e mães, e filhos, e campos, com perseguições; e no mundo vindouro a vida eterna.
                        81.
                            Mas muitos que são primeiros serão últimos; e muitos que são últimos serão primeiros.
                        82.
                            Ora, estavam a caminho, subindo para Jerusalém; e Jesus ia adiante deles, e eles se maravilhavam e o seguiam atemorizados. De novo tomou consigo os doze e começou a contar-lhes as coisas que lhe haviam de sobrevir,
                        83.
                            dizendo: Eis que subimos a Jerusalém, e o Filho do homem será entregue aos principais sacerdotes e aos escribas; e eles o condenarão à morte, e o entregarão aos gentios;
                        84.
                            e hão de escarnecê-lo e cuspir nele, e açoitá-lo, e matá-lo; e depois de três dias ressurgirá.
                        85.
                            Nisso aproximaram-se dele Tiago e João, filhos de Zebedeu, dizendo-lhe: Mestre, queremos que nos faças o que te pedirmos.
                        86.
                            Ele, pois, lhes perguntou: Que quereis que eu vos faça?
                        87.
                            Responderam-lhe: Concede-nos que na tua glória nos sentemos, um à tua direita, e outro à tua esquerda.
                        88.
                            Mas Jesus lhes disse: Não sabeis o que pedis; podeis beber o cálice que eu bebo, e ser batizados no batismo em que eu sou batizado?
                        89.
                            E lhe responderam: Podemos. Mas Jesus lhes disse: O cálice que eu bebo, haveis de bebê-lo, e no batismo em que eu sou batizado, haveis de ser batizados;
                        90.
                            mas o sentar-se à minha direita, ou à minha esquerda, não me pertence concedê-lo; mas isso é para aqueles a quem está reservado.
                        91.
                            E ouvindo isso os dez, começaram a indignar-se contra Tiago e João.
                        92.
                            Então Jesus chamou-os para junto de si e lhes disse: Sabeis que os que são reconhecidos como governadores dos gentios, deles se assenhoreiam, e que sobre eles os seus grandes exercem autoridade.
                        93.
                            Mas entre vós não será assim; antes, qualquer que entre vós quiser tornar-se grande, será esse o que vos sirva;
                        94.
                            e qualquer que entre vós quiser ser o primeiro, será servo de todos.
                        95.
                            Pois também o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir, e para dar a sua vida em resgate de muitos.
                        96.
                            Depois chegaram a Jericó. E, ao sair ele de Jericó com seus discípulos e uma grande multidão, estava sentado junto do caminho um mendigo cego, Bartimeu filho de Timeu.
                        97.
                            Este, quando ouviu que era Jesus, o nazareno, começou a clamar, dizendo: Jesus, Filho de Davi, tem compaixão de mim!
                        98.
                            E muitos o repreendiam, para que se calasse; mas ele clamava ainda mais: Filho de Davi, tem compaixão de mim.
                        99.
                            Parou, pois, Jesus e disse: Chamai-o. E chamaram o cego, dizendo-lhe: Tem bom ânimo; levanta-te, ele te chama.
                        100.
                            Nisto, lançando de si a sua capa, de um salto se levantou e foi ter com Jesus.
                        101.
                            Perguntou-lhe o cego: Que queres que te faça? Respondeu-lhe o cego: Mestre, que eu veja.
                        102.
                            Disse-lhe Jesus: Vai, a tua fé te salvou. E imediatamente recuperou a vista, e foi seguindo pelo caminho.
                        103.
                            Ora, quando se aproximavam de Jerusalém, de Betfagé e de Betânia, junto do Monte das Oliveiras, enviou Jesus dois dos seus discípulos
                        104.
                            e disse-lhes: Ide à aldeia que está defronte de vós; e logo que nela entrardes, encontrareis preso um jumentinho, em que ainda ninguém montou; desprendei-o e trazei-o.
                        105.
                            E se alguém vos perguntar: Por que fazeis isso? respondei: O Senhor precisa dele, e logo tornará a enviá-lo para aqui.
                        106.
                            Foram, pois, e acharam o jumentinho preso ao portão do lado de fora na rua, e o desprenderam.
                        107.
                            E alguns dos que ali estavam lhes perguntaram: Que fazeis, desprendendo o jumentinho?
                        108.
                            Responderam como Jesus lhes tinha mandado; e lho deixaram levar.
                        109.
                            Então trouxeram a Jesus o jumentinho e lançaram sobre ele os seus mantos; e Jesus montou nele.
                        110.
                            Muitos também estenderam pelo caminho os seus mantos, e outros, ramagens que tinham cortado nos campos.
                        111.
                            E tanto os que o precediam como os que o seguiam, clamavam: Hosana! bendito o que vem em nome do Senhor!
                        112.
                            Bendito o reino que vem, o reino de nosso pai Davi! Hosana nas alturas!
                        113.
                            Tendo Jesus entrado em Jerusalém, foi ao templo; e tendo observado tudo em redor, como já fosse tarde, saiu para Betânia com os doze.
                        114.
                            No dia seguinte, depois de saírem de Betânia teve fome,
                        115.
                            e avistando de longe uma figueira que tinha folhas, foi ver se, porventura, acharia nela alguma coisa; e chegando a ela, nada achou senão folhas, porque não era tempo de figos.
                        116.
                            E Jesus, falando, disse à figueira: Nunca mais coma alguém fruto de ti. E seus discípulos ouviram isso.
                        117.
                            Chegaram, pois, a Jerusalém. E entrando ele no templo, começou a expulsar os que ali vendiam e compravam; e derribou as mesas dos cambistas, e as cadeiras dos que vendiam pombas;
                        118.
                            e não consentia que ninguém atravessasse o templo levando qualquer utensílio;
                        119.
                            e ensinava, dizendo-lhes: Não está escrito: A minha casa será chamada casa de oração para todas as nações? Vós, porém, a tendes feito covil de salteadores.
                        120.
                            Ora, os principais sacerdotes e os escribas ouviram isto, e procuravam um modo de o matar; pois o temiam, porque toda a multidão se maravilhava da sua doutrina.
                        121.
                            Ao cair da tarde, saíam da cidade.
                        122.
                            Quando passavam na manhã seguinte, viram que a figueira tinha secado desde as raízes.
                        123.
                            Então Pedro, lembrando-se, disse-lhe: Olha, Mestre, secou-se a figueira que amaldiçoaste.
                        124.
                            Respondeu-lhes Jesus: Tende fé em Deus.
                        125.
                            Em verdade vos digo que qualquer que disser a este monte: Ergue-te e lança-te no mar; e não duvidar em seu coração, mas crer que se fará aquilo que diz, assim lhe será feito.
                        126.
                            Por isso vos digo que tudo o que pedirdes em oração, crede que o recebereis, e tê-lo-eis.
                        127.
                            Quando estiverdes orando, perdoai, se tendes alguma coisa contra alguém, para que também vosso Pai que está no céu, vos perdoe as vossas ofensas.
                        128.
                            [Mas, se vós não perdoardes, também vosso Pai, que está no céu, não vos perdoará as vossas ofensas.]
                        129.
                            Vieram de novo a Jerusalém. E andando Jesus pelo templo, aproximaram-se dele os principais sacerdotes, os escribas e os anciãos,
                        130.
                            que lhe perguntaram: Com que autoridade fazes tu estas coisas? ou quem te deu autoridade para fazê-las?
                        131.
                            Respondeu-lhes Jesus: Eu vos perguntarei uma coisa; respondei-me, pois, e eu vos direi com que autoridade faço estas coisas.
                        132.
                            O batismo de João era do céu, ou dos homens? respondei-me.
                        133.
                            Ao que eles arrazoavam entre si: Se dissermos: Do céu, ele dirá: Então por que não o crestes?
                        134.
                            Mas diremos, porventura: Dos homens? - É que temiam o povo; porque todos verdadeiramente tinham a João como profeta.
                        135.
                            Responderam, pois, a Jesus: Não sabemos. Replicou-lhes ele: Nem eu vos digo com que autoridade faço estas coisas.
                        136.
                            Então começou Jesus a falar-lhes por parábolas. Um homem plantou uma vinha, cercou-a com uma sebe, cavou um lagar, e edificou uma torre; depois arrendou-a a uns lavradores e ausentou-se do país.
                        137.
                            No tempo próprio, enviou um servo aos lavradores para que deles recebesse do fruto da vinha.
                        138.
                            Mas estes, apoderando-se dele, o espancaram e o mandaram embora de mãos vazias.
                        139.
                            E tornou a enviar-lhes outro servo; e a este feriram na cabeça e o ultrajaram.
                        140.
                            Então enviou ainda outro, e a este mataram; e a outros muitos, dos quais a uns espancaram e a outros mataram.
                        141.
                            Ora, tinha ele ainda um, o seu filho amado; a este lhes enviou por último, dizendo: A meu filho terão respeito.
                        142.
                            Mas aqueles lavradores disseram entre si: Este é o herdeiro; vinde, matemo-lo, e a herança será nossa.
                        143.
                            E, agarrando-o, o mataram, e o lançaram fora da vinha.
                        144.
                            Que fará, pois, o senhor da vinha? Virá e destruirá os lavradores, e dará a vinha a outros.
                        145.
                            Nunca lestes esta escritura: A pedra que os edificadores rejeitaram, essa foi posta como pedra angular;
                        146.
                            pelo Senhor foi feito isso, e é maravilhoso aos nossos olhos?
                        147.
                            Procuravam então prendê-lo, mas temeram a multidão, pois perceberam que contra eles proferira essa parábola; e, deixando-o, se retiraram.
                        148.
                            Enviaram-lhe então alguns dos fariseus e dos herodianos, para que o apanhassem em alguma palavra.
                        149.
                            Aproximando-se, pois, disseram-lhe: Mestre, sabemos que és verdadeiro, e de ninguém se te dá; porque não olhas à aparência dos homens, mas ensinas segundo a verdade o caminho de Deus; é lícito dar tributo a César, ou não? Daremos, ou não daremos?
                        150.
                            Mas Jesus, percebendo a hipocrisia deles, respondeu-lhes: Por que me experimentais? trazei-me um denário para que eu o veja.
                        151.
                            E eles lho trouxeram. Perguntou-lhes Jesus: De quem é esta imagem e inscrição? Responderam-lhe: De César.
                        152.
                            Disse-lhes Jesus: Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus. E admiravam-se dele.
                        153.
                            Então se aproximaram dele alguns dos saduceus, que dizem não haver ressurreição, e lhe perguntaram, dizendo:
                        154.
                            Mestre, Moisés nos deixou escrito que se morrer alguém, deixando mulher sem deixar filhos, o irmão dele case com a mulher, e suscite descendência ao irmão.
                        155.
                            Ora, havia sete irmãos; o primeiro casou-se e morreu sem deixar descendência;
                        156.
                            o segundo casou-se com a viúva, e morreu, não deixando descendência; e da mesma forma, o terceiro; e assim os sete, e não deixaram descendência.
                        157.
                            Depois de todos, morreu também a mulher.
                        158.
                            Na ressurreição, de qual deles será ela esposa, pois os sete por esposa a tiveram?
                        159.
                            Respondeu-lhes Jesus: Porventura não errais vós em razão de não compreenderdes as Escrituras nem o poder de Deus?
                        160.
                            Porquanto, ao ressuscitarem dos mortos, nem se casam, nem se dão em casamento; pelo contrário, são como os anjos nos céus.
                        161.
                            Quanto aos mortos, porém, serem ressuscitados, não lestes no livro de Moisés, onde se fala da sarça, como Deus lhe disse: Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó?
                        162.
                            Ora, ele não é Deus de mortos, mas de vivos. Estais em grande erro.
                        163.
                            Aproximou-se dele um dos escribas que os ouvira discutir e, percebendo que lhes havia respondido bem, perguntou-lhe: Qual é o primeiro de todos os mandamentos?
                        164.
                            Respondeu Jesus: O primeiro é: Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor.
                        165.
                            Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de todas as tuas forças.
                        166.
                            E o segundo é este: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que esses.
                        167.
                            Ao que lhe disse o escriba: Muito bem, Mestre; com verdade disseste que ele é um, e fora dele não há outro;
                        168.
                            e que amá-lo de todo o coração, de todo o entendimento e de todas as forças, e amar o próximo como a si mesmo, é mais do que todos os holocaustos e sacrifícios.
                        169.
                            E Jesus, vendo que havia respondido sabiamente, disse-lhe: Não estás longe do reino de Deus. E ninguém ousava mais interrogá-lo.
                        170.
                            Por sua vez, Jesus, enquanto ensinava no templo, perguntou: Como é que os escribas dizem que o Cristo é filho de Davi?
                        171.
                            O próprio Davi falou, movido pelo Espírito Santo: Disse o Senhor ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos debaixo dos teus pés.
                        172.
                            Davi mesmo lhe chama Senhor; como é ele seu filho? E a grande multidão o ouvia com prazer.
                        173.
                            E prosseguindo ele no seu ensino, disse: Guardai-vos dos escribas, que gostam de andar com vestes compridas, e das saudações nas praças,
                        174.
                            e dos primeiros assentos nas sinagogas, e dos primeiros lugares nos banquetes,
                        175.
                            que devoram as casas das viúvas, e por pretexto fazem longas orações; estes hão de receber muito maior condenação.
                        176.
                            E sentando-se Jesus defronte do cofre das ofertas, observava como a multidão lançava dinheiro no cofre; e muitos ricos deitavam muito.
                        177.
                            Vindo, porém, uma pobre viúva, lançou dois leptos, que valiam um quadrante.
                        178.
                            E chamando ele os seus discípulos, disse-lhes: Em verdade vos digo que esta pobre viúva deu mais do que todos os que deitavam ofertas no cofre;
                        179.
                            porque todos deram daquilo que lhes sobrava; mas esta, da sua pobreza, deu tudo o que tinha, mesmo todo o seu sustento.
                        
                    
        
            
            
                    
                
            
        