Cantarei a benignidade e o juízo; a ti, Senhor, cantarei.
1.
Cantarei a benignidade e o juízo; a ti, Senhor, cantarei.
2.
Portar-me-ei sabiamente no caminho reto. Oh, quando virás ter comigo? Andarei em minha casa com integridade de coração.
3.
Não porei coisa torpe diante dos meus olhos; aborreço as ações daqueles que se desviam; isso não se apagará a mim.
4.
Longe de mim estará o coração perverso; não conhecerei o mal.
5.
Aquele que difama o seu próximo às escondidas, eu o destruirei; aquele que tem olhar altivo e coração soberbo, não o tolerarei.
6.
Os meus olhos estão sobre os fiéis da terra, para que habitem comigo; o que anda no caminho perfeito, esse me servirá.
7.
O que usa de fraude não habitará em minha casa; o que profere mentiras não estará firme perante os meus olhos.
8.
De manhã em manhã destruirei todos os ímpios da terra, para desarraigar da cidade do Senhor todos os que praticam a iniqüidade.
9.
Ó Senhor, ouve a minha oração, e chegue a ti o meu clamor.
10.
Não escondas de mim o teu rosto no dia da minha angústia; inclina para mim os teus ouvidos; no dia em que eu clamar, ouve-me depressa.
11.
Pois os meus dias se desvanecem como fumaça, e os meus ossos ardem como um tição.
12.
O meu coração está ferido e seco como a erva, pelo que até me esqueço de comer o meu pão.
13.
Por causa do meu doloroso gemer, os meus ossos se apegam à minha carne.
14.
Sou semelhante ao pelicano no deserto; cheguei a ser como a coruja das ruínas.
15.
Vigio, e tornei-me como um passarinho solitário no telhado.
16.
Os meus inimigos me afrontam todo o dia; os que contra mim se enfurecem, me amaldiçoam.
17.
Pois tenho comido cinza como pão, e misturado com lágrimas a minha bebida,
18.
por causa da tua indignação e da tua ira; pois tu me levantaste e me arrojaste de ti.
19.
Os meus dias são como a sombra que declina, e eu, como a erva, me vou secando.
20.
Mas tu, Senhor, estás entronizado para sempre, e o teu nome será lembrado por todas as gerações.
21.
Tu te lenvantarás e terás piedade de Sião; pois é o tempo de te compadeceres dela, sim, o tempo determinado já chegou.
22.
Porque os teus servos têm prazer nas pedras dela, e se compadecem do seu pó.
23.
As nações, pois, temerão o nome do Senhor, e todos os reis da terra a tua glória,
24.
quando o Senhor edificar a Sião, e na sua glória se manifestar,
25.
atendendo à oração do desamparado, e não desprezando a sua súplica.
26.
Escreva-se isto para a geração futura, para que um povo que está por vir louve ao Senhor.
27.
Pois olhou do alto do seu santuário; dos céus olhou o Senhor para a terra,
28.
para ouvir o gemido dos presos, para libertar os sentenciados à morte;
29.
a fim de que seja anunciado em Sião o nome do Senhor, e o seu louvor em Jerusalém,
30.
quando se congregarem os povos, e os reinos, para servirem ao Senhor.
31.
Ele abateu a minha força no caminho; abreviou os meus dias.
32.
Eu clamo: Deus meu, não me leves no meio dos meus dias, tu, cujos anos alcançam todas as gerações.
33.
Desde a antigüidade fundaste a terra; e os céus são obra das tuas mãos.
34.
Eles perecerão, mas tu permanecerás; todos eles, como um vestido, envelhecerão; como roupa os mundarás, e ficarão mudados.
35.
Mas tu és o mesmo, e os teus anos não acabarão.
36.
Os filhos dos teus servos habitarão seguros, e a sua descendência ficará firmada diante de ti.
37.
Bendize, ó minha alma, ao Senhor, e tudo o que há em mim bendiga o seu santo nome.
38.
Bendize, ó minha alma, ao Senhor, e não te esqueças de nenhum dos seus benefícios.
39.
É ele quem perdoa todas as tuas iniqüidades, quem sara todas as tuas enfermidades,
40.
quem redime a tua vida da cova, quem te coroa de benignidade e de misericórdia,
41.
quem te supre de todo o bem, de sorte que a tua mocidade se renova como a da águia.
42.
O Senhor executa atos de justiça, e juízo a favor de todos os oprimidos.
43.
Fez notórios os seus caminhos a Moisés, e os seus feitos aos filhos de Israel.
44.
Compassivo e misericordioso é o Senhor; tardio em irar-se e grande em benignidade.
45.
Não repreenderá perpetuamente, nem para sempre conservará a sua ira.
46.
Não nos trata segundo os nossos pecados, nem nos retribui segundo as nossas iniqüidades.
47.
Pois quanto o céu está elevado acima da terra, assim é grande a sua benignidade para com os que o temem.
48.
Quanto o oriente está longe do ocidente, tanto tem ele afastado de nós as nossas transgressões.
49.
Como um pai se compadece de seus filhos, assim o Senhor se compadece daqueles que o temem.
50.
Pois ele conhece a nossa estrutura; lembra-se de que somos pó.
51.
Quanto ao homem, os seus dias são como a erva; como a flor do campo, assim ele floresce.
52.
Pois, passando por ela o vento, logo se vai, e o seu lugar não a conhece mais.
53.
Mas é de eternidade a eternidade a benignidade do Senhor sobre aqueles que o temem, e a sua justiça sobre os filhos dos filhos,
54.
sobre aqueles que guardam o seu pacto, e sobre os que se lembram dos seus preceitos para os cumprirem.
55.
O Senhor estabeleceu o seu trono nos céus, e o seu reino domina sobre tudo.
56.
Bendizei ao Senhor, vós anjos seus, poderosos em força, que cumpris as suas ordens, obedecendo à voz da sua palavra!
57.
Bendizei ao Senhor, vós todos os seus exércitos, vós ministros seus, que executais a sua vontade!
58.
Bendizei ao Senhor, vós todas as suas obras, em todos os lugares do seu domínio! Bendizei, ó minha alma ao Senhor!
59.
Bendize, ó minha alma, ao Senhor! Senhor, Deus meu, tu és magnificentíssimo! Estás vestido de honra e de majestade,
60.
tu que te cobres de luz como de um manto, que estendes os céus como uma cortina.
61.
És tu que pões nas águas os vigamentos da tua morada, que fazes das nuvens o teu carro, que andas sobre as asas do vento;
62.
que fazes dos ventos teus mensageiros, dum fogo abrasador os teus ministros.
63.
Lançaste os fundamentos da terra, para que ela não fosse abalada em tempo algum.
64.
Tu a cobriste do abismo, como dum vestido; as águas estavam sobre as montanhas.
65.
À tua repreensão fugiram; à voz do teu trovão puseram-se em fuga.
66.
Elevaram-se as montanhas, desceram os vales, até o lugar que lhes determinaste.
67.
Limite lhes traçaste, que não haviam de ultrapassar, para que não tornassem a cobrir a terra.
68.
És tu que nos vales fazes rebentar nascentes, que correm entre as colinas.
69.
Dão de beber a todos os animais do campo; ali os asnos monteses matam a sua sede.
70.
Junto delas habitam as aves dos céus; dentre a ramagem fazem ouvir o seu canto.
71.
Da tua alta morada regas os montes; a terra se farta do fruto das tuas obras.
72.
Fazes crescer erva para os animais, e a verdura para uso do homem, de sorte que da terra tire o alimento,
73.
o vinho que alegra o seu coração, o azeite que faz reluzir o seu rosto, e o pão que lhe fortalece o coração.
74.
Saciam-se as árvores do Senhor, os cedros do Líbano que ele plantou,
75.
nos quais as aves se aninham, e a cegonha, cuja casa está nos ciprestes.
76.
Os altos montes são um refúgio para as cabras montesas, e as rochas para os querogrilos.
77.
Designou a lua para marcar as estações; o sol sabe a hora do seu ocaso.
78.
Fazes as trevas, e vem a noite, na qual saem todos os animais da selva.
79.
Os leões novos os animais bramam pela presa, e de Deus buscam o seu sustento.
80.
Quando nasce o sol, logo se recolhem e se deitam nos seus covis.
81.
Então sai o homem para a sua lida e para o seu trabalho, até a tarde.
82.
Ó Senhor, quão multiformes são as tuas obras! Todas elas as fizeste com sabedoria; a terra está cheia das tuas riquezas.
83.
Eis também o vasto e espaçoso mar, no qual se movem seres inumeráveis, animais pequenos e grandes.
84.
Ali andam os navios, e o leviatã que formaste para nele folgar.
85.
Todos esperam de ti que lhes dês o sustento a seu tempo.
86.
Tu lho dás, e eles o recolhem; abres a tua mão, e eles se fartam de bens.
87.
Escondes o teu rosto, e ficam perturbados; se lhes tiras a respiração, morrem, e voltam para o seu pó.
88.
Envias o teu fôlego, e são criados; e assim renovas a face da terra.
89.
Permaneça para sempre a glória do Senhor; regozije-se o Senhor nas suas obras;
90.
ele olha para a terra, e ela treme; ele toca nas montanhas, e elas fumegam.
91.
Cantarei ao Senhor enquanto eu viver; cantarei louvores ao meu Deus enquanto eu existir.
92.
Seja-lhe agradável a minha meditação; eu me regozijarei no Senhor.
93.
Sejam extirpados da terra os pecadores, e não subsistam mais os ímpios. Bendize, ó minha alma, ao Senhor. Louvai ao Senhor.